quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Da Bahia para o mundo, o mundo na Bahia! JAM NO MAN !!!

Sábado, seis horas da tarde. Sentado em um banco de frente para o um palco que tem ao fundo o mar de Salvador, esvazio minha latinha de cerveja e sinto pena dos que não estão ali junto comigo. Infelizmente começo a pensar que nem parece que estou em Salvador, ou talvez tudo me diga que estou e só podia estar em Salvador. Mas, onde quer que eu esteja, estou no JAM NO MAN. Estou ouvindo Jazz da melhor qualidade, tocado por músicos soteropolitanos  e de qualquer outra parte do mundo que por acaso tenham aterrisado por ali hoje. O "ali"  é o Museu de Arte Moderna. Logo ali...na Av Contorno S/N, no Solar do Unhão. E para aqueles que se limitam a reclamar da atual música baiana ( os "rebolations" da vida ) eu digo que é só procurar que acha. Eu adoro jazz, e sempre senti falta disto aqui em Salvador. Não sinto mais...vejam porque...






André Becker ( Sax alto e flauta ), André Magalhães ( Piano ), Gabi Guedes ( Percurssão ), Ivan Bastos ( Spalla e baixo ), Ivan Huol ( Bateria e direção musical ), Joatan Nascimento ( Trompete e flugelhorn ), Orlando Costa ( Percurssão ), Paulo Mutti ( Guitarra) e Rowney Scott (Sax soprano e tenor) compõem a banda base que recebe os convidados sempre super especiais,  para as jam sessions fantásticas que são a alma dos encontros. E eu do meu lado, só bebendo e apreciando que não sou besta nem nada. Abro aqui um parêntesis para reforçar, como se necessário fosse, que o ambiente é agradabilíssimo, e  o nível das pessoas que ali frequentam é de altíssima qualidade. Não há bagunça, nem empurra-empurra. As pessoas estão ali para ouvir. E ouvem! O pessoal por trás deste evento coloca na prática um discurso que venho arrastando comigo a anos...Mais útil que ficar falando mal da música dita "ruim" é procurar meios para possibilitar que se toque(quem toca)  e se ouça a música boa(quem ouve). Ou seja, quem toca deve se unir para fazer surgir a oportunidade, e quem gosta de ouvir boa música deve prestigiar quem quer tocar boa música...Aí as coisas acontecem. E como acontecem. Antes que eu esqueça de avisar... na lateral direita desta página  está o link para o site do JAMNOMAN. Vão lá conhecer melhor este trabalho!
Claro, já estou na quarta lata, preparando o espírito para o próximo sábado, hehe. Não sei quem vai estar por lá tocando, para mim é sempre surpresa, e eu gosto mais assim. Nestas horas consigo não sentir inveja da vida cultural de outras cidades "grandes", pois posso afirmar que há vida inteligente no movimento musical da cidade da Bahia, hihi. E fico com orgulho de ser bahiano e preto ( sim, senhores donos do politicamente correto, eu sou preto meu nêgo, nada de afrodescendentalismos amenizadores do que não precisa nem pode ser amenizado. Me orgulho de minha raça e pronto.) E o jazz meu amigo, tem mão de preto no couro! Hehe.
Agora...só uma coisa me intriga, além do beijo de amor que não roubei...não se ouve jazz tocando nos carros no último volume, nem nos celulares nos ônibus cheios. Por que será? Sei lá. No mais,  vou ficando por aqui, enquanto a cerveja não acaba. Até mais ver!!!!!!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Podes crer amizade, podes crer. Toni Tornado, o mestre do soul brasileiro.

Em 1972 eu tinha nove anos. Não sabia dizer direito o que sentia ao ouvir aquele som pulsante e vibrante. E aquela dança? Era um som que estava em mim, e eu estava no som. Eu precisava saber o nome do dono da voz e da dança, e me disseram...Toni Tornado. Naquela época não era fácil. Hoje ainda não é, mas naquela época era mais difícil. Então eles tinham de ser bons. E Toni Tornado era bom. Fico realmente triste quando vejo e ouço o que se tem apresentado por aí como se fosse Funk. Não vou entrar na discussão, mas antes pediria a estes que chamam os bondes da vida de Funk, que escutem James Brow, Funkadelic...e Toni Tornado. E Toni fez o que os mestres gênios fazem, trouxe a África do Funk de lá,  e misturou com a África  daqui. E podes crer amizade, ficou legal demais. Não, ele não falava de "cachorras" ou algo parecido. E a dança era um requebrado cheio de rítimo. E se havia algo de sensual não havia nada de pornográfico. Naqele tempo se fazia sexo no quarto, e não no palco. Era apenas música e dança. E Toni dançava, deslizava no palco como um herói negro cheio de "black power". Sim meninos, tinha tambem isto..."The black power". O poder negro reinvindicando o espaço devido àquele povo recém-saído da escravidão. Então não havia tempo  para bobagens como rebolar feito "cachorras" e achar que é arte, ou que é liberdade de expressão. Não havia espaço para falta de talento e/ou inteligencia. "A gente corre na BR-3, a gente morre na BR-3" já cantava o mestre. E fico feliz ao ver este menino aos oitenta anos cantando inteiraço e ainda esboçando o seu eterno gingado cheio de saúde. Meninos...música boa faz bem à saúde. Ah mas não falei ainda do disco que estou recomendando.Chama-se Toni Tornado 1972, e traz surpresas. Quem se aventurar a ouvir irá se surpreender logo na primeira música...Mané Beleza. E se ouvir enquanto ler estas linhas irá me perguntar...Mas voce não falou tanto de funk, de soul music? Então por que estou ouvindo algo parecido um baião,  ou xaxado, sei lá? Aí então depois de rir um pouco eu respondo...Ora, eu náo falei da Africa de cá? Não falei que ele é sábio? Perguntem aos mestres sobre qual a matéria dos clássicos?!? "E nem metade eu contei, nem mais eu posso contar...".
Mas não quero "Grilar a sua cuca", não faço isto não. Quero apenas que faça o favor de prestar atenção aos naipes de metal a partir da segunda música. Engraçado, eu tinha apenas nove anos quado este disco foi lançado. E ainda hoje todas a frases gritadas neste disco fazem sentido, e como ele eu tambem duvido muito. E galera, sinceridade...não venham me falar que a voz não é uma super voz, e etc e tal. É muito nelhor que noventa por cento do que eu ouço hoje. Ah e o órgão Hammond costurando a música  "Sinceridade" é tudo que eu procuro em qualquer som. E como era divertido falar a frase da ordem dia "Podes crer amizade...podes crer". Afirmação de honra, de verdade absoluta...pode acreditar. Era assim, assim ainda devia ser. Toni Tornado, sua benção mestre.